A história é a seguinte https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br Contamos por que todo passado é presente Tue, 10 Aug 2021 12:55:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com legado divisivo, estátua de Baquedano é retirada de Santiago https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2021/03/18/com-legado-divisivo-estatua-de-baquedano-e-retirada-de-santiago/ https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2021/03/18/com-legado-divisivo-estatua-de-baquedano-e-retirada-de-santiago/#respond Thu, 18 Mar 2021 13:05:41 +0000 https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/553e1db46481d8c7dda71cc8f17581c4-300x215.jpg https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/?p=514 Por mais de um ano, a estátua do general Manuel Baquedano (1823-1897), em Santiago, foi pichada, vendada, escalada e pintada de diversas cores. Houve, também, várias tentativas de derrubá-la e até mesmo uma, mais recente, de incendiá-la.

Por fim, o órgão responsável pela preservação do patrimônio no Chile decidiu removê-la, alegando que ela necessitava uma restauração. Tirou-a, então, da praça Itália, também conhecida como praça da Dignidade, o epicentro das manifestações chilenas que tiveram início em 18 de outubro de 2019 e que continuam ocorrendo.

A retirada da estátua na madrugada da última sexta-feira (12) vem causando divisão no Chile. Grupos de direita, liderados pela UDI (União Democrática Independente), afirmam que a retirada é uma “capitulação ante o vandalismo”, como se expressou o partido em um comunicado de repúdio ao governo. Já para muitos dos manifestantes e para a intelectualidade progressista, Baquedano é um símbolo dos avanços do Exército chileno sobre o o povo mapuche, na Patagônia, no século 19. Estes também apontam a estátua de Baquedano como um divisor entre ricos e pobres, uma vez que, ao norte da estátua, estão os bairros de classe alta e média alta de Santiago, enquanto ao sul estão os mais humildes.

Há décadas, a praça é um ponto de encontro comum na capital chilena, usada para manifestações e para celebrações de vitorias esportivas. A presença do general ali, porém, com a fervilhante turbulência política atual, passou a ser incômoda e mesmo uma provocação aos que se sentem indignados com a desigualdade chilena.

O curioso é que, cada ataque para realizar uma pichação ou pendurar coisas em Baquedano, correspondia a uma resposta incrivelmente rápida das autoridades locais para repintá-la de negro e limpá-la. Aconteceu dezenas de vezes. Virou inclusive um desafio. Durante a madrugada ou nas trocas de guarda dos Carabineros, manifestantes tinham tudo preparado para jogar novas tintas em Baquedano. E as autoridades se esforçavam para, cada vez, dar uma resposta mais rápida, repintando a estátua para o dia seguinte. Era uma gincana simbólica que resultava até mesmo divertida de acompanhar. Mas que agora terminou.

Porém, quem foi Baquedano, e por que se transformou em um personagem histórico que divide opiniões?

O general teve atuação nas armas e na política, e chegou a ser presidente interino do país em 1891. Destacou-se atuando na Guerra do Pacífico (1879-1884) e na que é conhecida pelos livros de história locais como “pacificação” da Araucania”. Porém, para muitos historiadores, essa “pacificação” foi como a Campanha do Deserto argentina (1878-1885), que tinha como finalidade, no discurso, levar a “civilização” aos rincões do país. Mas que, na prática, significou a matança de povos indígenas. Não é gratuito, portanto, que tantos manifestantes neste ano e meio de protestos tenham escalado a estátua de Baquedano empunhando a bandeira mapuche. A população de indígenas no Chile hoje é de 12,8% da população, e uma das broncas com relação à Constituição de 1981, vigente até hoje, é o não reconhecimento da população indígena do país. Já o verdadeiro papel ou visão de Baquedano com relação aos povos originários está meio nublada na história. Não é possível afirmar que estivesse diretamente envolvido com as mortes, embora comandasse a campanha que ia por conquista de terras na Araucania, onde estes viviam.

Baquedano por Pedro Subercaseaux Errázuriz (Reprodução)

Agora o debate que se instalou no Chile é se haverá um substituto para a estátua do general, no mesmo lugar. Algo que seria estranho, pois ali há uma estação de metrô e um parque que, ainda, levam seu nome. Ou se o espaço permanecerá vazio até que as coisas se acalmem e Baquedano, montado em seu cavalo Diamante, possam regressar. O mesmo debate também existe com relação a mais de 200 estátuas que foram pintadas ou atacadas em todo o Chile durante as manifestações, e as diversas pixações nos muros de Santiago. Há quem diga que tudo deve ser restaurado, e quem pense que isso seria uma tentativa de apagar a história destes últimos dois anos.

A guerra pelas estátuas vem ocorrendo também na vizinha Argentina. Quando foi presidente, também sob críticas, Cristina Kirchner mandou retirar uma estátua de Cristóvão Colombo dos jardins da Casa Rosada. Colocou ali uma estátua de Juana Azurduy, heroína da independência da Bolívia, presente de Evo Morales. Quando assumiu como seu sucessor, Mauricio Macri tirou Azurduy dali e a levou para outra praça do centro. O lugar, agora, continua vazio. O mesmo debate ocorre em diversas cidades do interior da Argentina que ainda têm estátuas do ex-presidente Roca, um dos responsáveis pela Campanha do Deserto.

Em tempos de turbulência política, como vêm sendo estes últimos na América Latina, o questionamento das estátuas é intenso. Se isso promover uma discussão crítica sobre o passado, será uma experiência válida. Se continuar sendo uma gincana para ver quem as derruba ou as restauram primeiro, parece que se está gastando tempo e dinheiro público à toa.

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Afinal, quais são as ‘repúblicas das bananas’? https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/afinal-quais-sao-as-republicas-das-bananas/ https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/afinal-quais-sao-as-republicas-das-bananas/#respond Mon, 11 Jan 2021 13:41:48 +0000 https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/Bananeras-780x514-300x215.jpg https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/?p=354 Após a invasão do Capitólio norte-americano por apoiadores de Donald Trump, no último dia 6 de janeiro, tem sido comum o comentário: “os EUA agora estão parecendo uma república das bananas”. Ele surgiu na voz de analistas, políticos e até mesmo em respostas da própria gestão Trump. 

O ex-presidente republicano George W. Bush afirmou que “este é o modo como os resultados de uma eleição são disputados numa ‘república bananeira’, não em nossa república democrática”.

O Secretário de Estado, Mike Pompeo, saiu a rebater a crítica, dando sua própria visão do que significa o termo: “Jornalistas e políticos estão comparando o que ocorreu em Washington com o que ocorre numa ‘república das bananas’. Essa comparação mostra um desentendimento entre o que é uma ‘república das bananas’ e o que é a democracia nos EUA. Numa ‘república das bananas’, a violência da multidão determina o exercício do poder”.

Pompeo demonstrou, portanto, que nem ele mesmo sabe o que significa uma “república das bananas”. E que o termo, hoje, se encontra banalizado. É usado por políticos e analistas para referir-se a países instáveis politicamente, em que golpes de Estado, rebeliões populares, assassinatos de presidentes e ditaduras são comuns. Em geral, designam países da América Latina.

A história do termo revela duas coisas: primeiro, se os países chamados de “repúblicas das bananas” são como a descrição acima, é porque os EUA tiveram muito a ver com a instalação dessa instabilidade, e portanto seus políticos não deveriam usar a expressão como algo alheio, que ocorre longe deles e com o qual não têm nada que ver. Em segundo lugar, não é a primeira vez que os EUA também vivem momentos parecidos aos que ocorrem naquilo que chamam “repúblicas das bananas”, como tentativas de assassinatos de presidentes, suspeita de fraudes em eleições, mentalidade caudilhesca de determinados líderes, entre outras coisas.

Mas, afinal, o que é uma “república das bananas”?

O termo foi cunhado por um escritor norte-americano, veja só, William Sydney Porter (que assinava com o pseudônimo de O.Henry), no conto “The Admiral”, que integra o livro “Cabbages And Kings” (1904). Ali, o autor descreve um país ficcional, cujo nome é República da Anchuria. 

O.Henry (1862-1910) contava a história de “uma pequena república bananeira”, onde camponeses eram explorados por uma classe dirigente e o governo era submisso e corrompido por empresas multinacionais instaladas no país.

Anchuria era um retrato ficcionalizado de Honduras, onde O.Henry havia vivido um tempo, refugiando-se após ser acusado de haver desviado dinheiro de um banco em Austin.

Honduras, na época em que O.Henry viveu ali, havia passado por cinco golpes de estado em sua então curta história como país independente da Espanha, em 1821. Outro dos primeiros países a serem chamados de “república das bananas” foi El Salvador, que teve 13 golpes de Estado desde sua independência, em 1840.

Com o tempo, o termo “república das bananas” se ampliou para referir-se a vários países da América Latina e do Caribe. Na região, entre o final do século 19 e o princípio do 20, mais de 20 empresas multinacionais, a maioria norte-americana, se instalaram para cultivar e exportar frutas tropicais. Usavam a mão-de-obra local, muito barata, a quem negavam direitos trabalhistas básicos, corrompiam autoridades locais e nacionais, por meio de favores e dinheiro.

A mais famosa delas foi a United Fruit Company, que acabou vinculando-se a massacres e a golpes de Estado, uma vez que utilizava o apoio dos Exércitos locais para defender seus interesses na região. A fruta mais disputada, no caso, era a banana, cultivada principalmente na América Central e na Colômbia. Portanto, o sistema corrupto e violento das companhias norte-americanas foi um legado dos EUA a esses países da América Latina, e não algo que já era típico destes, que recém saíam de outro sistema de exploração, a colonização pelas metrópoles europeias.

A partir de então, o termo acabou sendo usado para referir-se a países monoprodutores, corruptos, com instituições e governos fracos, e nos quais empresas estrangeiras influenciam nas decisões nacionais.

Companhias como a United Fruit Company trouxeram ares de modernidade a esses países, construindo ferrovias, estradas, e trazendo melhorias aos lugares onde se instalavam. Porém, também exploraram a mão-de-obra barata e corromperam governos.

O mais trágico evento político de que a United Fruit Company participou foi o golpe de Estado na Guatemala, em 1954, retratado recentemente em romance do peruano Mario Vargas Llosa. Ali, a empresa ajudou a CIA na derrubada do então presidente Jacobo Arbenz (1913-1971), que pretendia realizar uma reforma agrária que afetaria os interesses da companhia no país.

Outro episódio sangrento no passado da United Fruit Company foi o massacre de milhares de trabalhadores na Colômbia, em 1928. Na ocasião, o Exército colombiano interveio numa greve de trabalhadores da empresa que pediam melhores salários na região do rio Magdalena. O desenlace foi o assassinato de mais de 5 mil pessoas, embora segundo números oficiais tenham sido “apenas” 100.

Historiadores e escritores retrataram a passagem das empresas norte-americanas na América Latina. Entre as obras literárias de mais destaque está “Cem Anos de Solidão”, que trata diretamente desse massacre.

Ali, o prêmio Nobel Gabriel García Márquez (1927-2014) conta a chegada de um norte-americano em Macondo, “mister Herbert”, que fica encantado com o sabor e a aparência de banana, fruta que via pela primeira vez e observava “com a incrédula atenção de um comprador de diamantes”.

A visita de “mister Herbert” foi seguida da chegada de agrônomos, topógrafos e advogados, que construíram seu próprio bairro em Macondo e passaram a viver e a cultivar bananas na região, usando a mão-de-obra dos habitantes da cidade. Até que os trabalhadores, que morriam por doenças, exaustão e fome, decidiram mobilizar-se, e a repressão foi imediata.

Outros dois prêmios Nobel de literatura abordaram o trauma que foi a passagem das multinacionais bananeiras norte-americanas na América Latina. Um deles foi o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1899-1974), que, em “El Papa Verde” (1954), descreve um poder imperial que se impõe sobre a selva e os homens, manipula políticos e derruba governos, tirando de sua frente tudo o que podia atrapalhar o desenvolvimento de seu projeto bananeiro. Nesta ficção, a United Fruit Company tem o nome fictício de Tropical Bananeira.

Já o chileno Pablo Neruda (1904-1973) escreveu um poema, “La United Fruit Co.”, que em suas estrofes diz: “Quando soou a trombeta,/ estava tudo preparado na terra,/ e Jeová repartiu o mundo/ pela Coca-Cola Inc., Anaconda,/ Ford Motor, e outras entidades:/ A Companhia Fruteira Inc./ reservou o mais suculento,/ a costa central da minha terra,/ a doce cintura da América/ Rebatizou as terras/ como “Repúblicas Bananeiras”/ e sobre os mortos adormecidos,/sobre os heróis inquietos/ que conquistaram a grandeza,/ a liberdade e as bandeiras,/ estabeleceu a ópera bufa”.

Em vez de perpetuar esse termo preconceituoso sobre a América Latina, os EUA e seus políticos deveriam fazer uma autocrítica. Foi dos EUA que saíram as companhias bananeiras a explorar terras e mão-de-obra na América Latina. Os países recém-saídos do processo de independência ainda não tinham instituições fortes, quando se viram diante de um poder que as corrompia no incipiente nascimento de suas democracias. E foi por obra de um escritor norte-americano foragido da polícia que o termo “república das bananas” passou a existir. Ainda, também, é por conta de um olhar pejorativo sobre a América Latina que a expressão persiste, como se, nos EUA, a democracia fosse perfeita. O episódio no Capitólio não é um caso isolado a mostrar que os EUA, segundo essa régua, também sempre foram muito “bananeiros”.

 

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História também é para se ouvir https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2020/12/22/historia-tambem-e-para-se-ouvir/ https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/2020/12/22/historia-tambem-e-para-se-ouvir/#respond Tue, 22 Dec 2020 21:41:19 +0000 https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/f1a04f15d9d26436ef48ebe4938e9fc8-300x215.png https://ahistoriaeaseguinte.blogfolha.uol.com.br/?p=148 Para os que pensam que a história é um campo de conhecimento que só pode ser penetrado por meio de livros, de longas sessões de internação em bibliotecas ou em arquivos de documentos, aqui vai uma surpresa. Hoje há produção de conteúdo para formatos diferentes, O que apresento aqui é o exemplo de um deles: o podcast.

Atravessamos uma pandemia que parece, aos que vivemos estes tempos, a mais devastadora de todas. Porém, vasculhar a história nos ilumina, como sempre, no presente. Por exemplo, no século 16, os conquistadores europeus trouxeram em suas embarcações, além da fé católica, do idioma e de sua cultura, nada menos que um punhado de doenças mortais: a varíola, o sarampo, a difteria, a malária e muitas outras enfermidades que, junto com o poderio de fogo, facilitaram muito a matança e a conquista. Além de ajudar a rotular o indígena como um sujeito fraco e inferior. Mas isso não era verdade. Aqueles povos originários, como nós, agora, com o coronavírus, não tinham os anticorpos necessários para sobreviver a essas doenças mortais. E essa foi uma das principais razões da alta mortalidade entre eles.

Quer saber um pouco mais sobre isso? Clique aqui.

Também se costuma repetir, na atualidade, um monte de estereótipos sobre o Paraguai, geralmente pejorativos, referindo-se a tudo o que vem desse país como algo falsificado ou de qualidade inferior. De onde nasceu isso? Estaria relacionado à terrível e sangrenta derrota do país na Guerra do Paraguai, do qual o Brasil participou e cujo final completa agora 150 anos? E por que a Guerra do Paraguai teve tantas interpretações diferentes ao longo do tempo? Por que a historiografia ofereceu tantas versões sobre o ocorrido? Um bom debate sobre isso está aqui.

E quando, no último dia 25 de maio, o cidadão negro norte-americano George Floyd foi morto por uma ação da polícia, você achou que era só mais um caso de violência policial? Pois saiba que, por detrás disso, havia toda uma história conflituosa e difícil da participação dos negros na política e das decisões da sociedade norte-americana desde o século 19. Um pouco mais sobre esse denso e delicado debate está aqui.

Estes são apenas alguns dos episódios de “Hora Americana”, um podcast disponível no Spotify, e comandado por quatro jovens acadêmicos brasileiros, dedicados a trazer a história para discutir temas do presente. O programa é quinzenal e seu objetivo é promover o debate de temas que são candentes para História das Américas, dentro e fora do ambiente universitário, embora a maioria do público seja mais vinculada a este último.

O formato é quinzenal e feito com entrevistas. A cada edição, um especialista sobre o tema escolhido é sabatinado pelos quatro rapazes. Uma da premissa de todos, que trabalham com assuntos de diferentes períodos da história da América, é a necessidade de fugir do eurocentrismo das narrativas tradicionais.

Os quatro realizadores são professores universitários: Caio Pedrosa da Silva, da (UFVJM), que é doutor, pela Unicamp, com a tese: “Mártires de Cristo Rey – Revolução e Religião no México”. Luís Kalil (UFRRJ), também doutor pela Unicamp e autor de “Filhos de Adão – As Teorias Sobre a Origem dos Indígenas”. Rodolpho Gauthier Cardoso dos Santos, doutor pela USP e autor de “A Invenção dos Discos Voadores – Guerra Fria, Imprensa e Ciência no Brasil”. E Valdir Donizete dos Santos Júnior, doutor pela USP e autor de “A Trama das Ideias: Intelectuais, Ensaios e Construção de identidades na América Latina”. 

Em uma conversa com o blog, dois de seus integrantes contaram um pouco de suas motivações e incentivos. Ambos lembraram, como, até pouco tempo atrás, era muito difícil incluir assuntos de história das Américas nos currículos escolares e no debate acadêmico, especialmente os relacionados à América Latina. Mas que isso, aos poucos, vem mudando.

O contexto das redemocratizações no Cone Sul, por exemplo, segundo os acadêmicos, teriam produzido um interesse pelos países vizinhos maior do que o que existia antes. “A redemocratização não foi algo que ocorreu só no Brasil. Houve uma geração de historiadores que é anterior à nossa e que se conectou com a de países vizinhos nessa época”, explica Valdir Donizete dos Santos Júnior. “Só que os tempos da academia são diferentes dos tempos do jornalismo. As pesquisas e teses que começaram a surgir aí foram lançadas bem depois. Esse grupo de pioneiros acabou formando uma nova geração, a nossa geração, que está agora atuando em tantas áreas e com tantos objetos de estudo diferentes, mas todos dentro da História das Américas”, completa.

Caio Pedrosa da Silva concorda, e também crê que questões latentes do presente têm estimulado uma busca de respostas num passado ainda mais distante, nos tempos coloniais. “São eles os temas do racismo, dos indígenas, por exemplo, que estão super-presentes na sociedade hoje, e a raiz está lá atrás”.

Os podcasts são para consumo amplo, mas não perde o tom e o rigor acadêmico, nem cede à panfletagem política. O Hora Americana também produz subprodutos nas redes, com postagens sobre dicas de livros, filmes e demais obras que são citadas pelos especialistas. 

Logo do podcast “Hora Americana” (Foto Divulgação)

Aqui, seguem as redes do programa, que tem conteúdo extra sobre cada episódio:

Facebook.com/horaamericana

Instagram.com/horaamericana

Twitter.com/HoraAmericana

 

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